Dizem que se macumba ganhasse jogo, o campeonato da Bahia terminava empatado. Também dizem que sorte é o encontro da competência com a oportunidade.
Bom, eu não acredito em macumba, mas eu acompanho futebol há 25 anos e a observação me levou a acreditar um pouco no fator sorte. O camisa 10 (algum torcedor do São Paulo ainda se lembra o que é isso?) chuta da intermediária, a bola explode no travessão, volta para o meio da área e o zagueiro tira de qualquer jeito. 2 milímetros para baixo e a bola teria resvalado no travessão e estufado a rede. Alguns centímetros de campo para trás que o chute fosse dado e o efeito seria o mesmo - gol. Podemos dizer que faltou competência no chute? Acho que não. O mesmo camisa 10 finaliza do mesmo lugar, mas dessa vez é um chute torto e relativamente fraco, só que no meio do caminho o zagueiro adversário resolve cortar e acaba desviando a bola do goleiro. Um gol improvável em um chute executado sem muita qualidade. O que é isso? Competência do atacante que arriscou? Incompetência do zagueiro que falhou? Bom, eu chamo de sorte e azar.
A discussão é longa e as teorias são variadas. Os defensores dos campeonatos de pontos corridos (grupo em que eu já estive) dizem que nesse formato o fator sorte é minimizado. Um time pode ter sorte ou azar em algumas partidas, mas ao longo da competição a competência prevalecerá e o melhor, o mais constante, será o campeão. Após alguns anos de observação eu tenho algumas dúvidas quanto a isso. Quantas decisões já não ficaram para a última rodada, para uma única partida, sujeita a erros de arbitragem, falhas, chutes de rara felicidade, mala preta, mala branca, e toda miríade de eventos que podem mudar o rumo de um jogo?
Mas esse é outro assunto.
Toda essa conversa sobre sorte e azar foi para dizer o seguinte - o São Paulo está zicado.
Falta competência? Falta comando? Falta comprometimento de boa parte do elenco? Falta uma postura com mais foco no futebol por parte dos dirigentes? Falta um camisa 10? Falta um Lugano para comer a grama, intimidar os adversário e inspirar e cobrar os companheiros a comer grama também? Falta treinar a defesa para cortar bolas aéreas? Falta alguém para segurar a bola e esfriar o jogo quando o time está ganhando?
Sem dúvida.
Mas também está faltando sorte e isso conta muito no futebol.
No último Sábado o São Paulo abriu 3 x 1 contra o Bahia. Dominava o jogo e teve a chance de fazer 4. Daí tomou um gol, a torcida adversária cresceu, tomou o empate e a torcida sufucou, tomou a virada e os baianos terão uma virada épica (e merecida) para se lembrar e contar aos netos. Sobrou competência ao tricolor de aço, faltou ao tricolor paulista, isso não se discute. Mas esse tipo de virada não acontece todo dia e aconteceu conosco. No primeiro turno, quase ocorreu algo parecido contra o Coritiba. Eu também considero obra do acaso quando o time adversário está num momento de rara felicidade. O que o Jobson tinha feito no campeonato de 2009? Bom, contra o São Paulo ele fez dois golaços que nos custaria a liderança que por sorte não nos foi tirada naquela rodada. O que fez o Goiás no campeonato de 2009? Contra o São Paulo fez uma partida onde tudo deu certo e todas as finalizações balançaram a nossa rede.
No jogo em que Adilson caiu esse ano, o São Paulo jogava melhor, dominava. Rogério cobrou uma falta que passou perto da trave um pouco antes de tomar o gol. Se é numa época de vacas gordas aquela bola entra. Os chutes do Jobson iriam para fora e os do Washington para dentro em 2009. Por mais que você tente, treine e seja competente (não, o Washington não era), se a sorte não estiver ao lado, não adianta. Se a sorte não estivesse do nosso lado em 93, nunca a bola teria batido no calcanhar de Muller e entrado no gol do Milan - talvez fizessemos o gol de outra forma, ou venceríamos nos pênaltis, mas talvez o Milan teria virado se não fosse aquele gol. Se a sorte não estivesse do nosso lado em 86, nunca aquela bola acabaria nos pés de Careca dentro da área do Guarani no último minuto da prorrogação - e nessa situação sim, não haveria mais o que fazer nem o que acontecer.
Os exemplos são muitos, tanto de sorte quanto de azar. Esse ano, fizemos certo e deu tudo errado, trouxemos Luís Fabiano de volta e o time acabou desandando, contratamos o meia (uma grande incógnita é verdade) e o cara fica 10 minutos em campo e se machuca, tem que operar e ficar 8 meses parado. Tomamos viradas épicas como a do último Sábado, gols bestas por falhas grotescas e outros por mais azar do que qualquer outra coisa. O 2º gol do Flamengo no Morumbi e o gol da eliminação na Sul-Americana (bola bate na trave, volta, bate na cabeça do Rogério e entra) são os maiores exemplos do que eu quero dizer.
Temos 15 pontos pela frente, mas a vaga na libertadores me parece um sonho distante agora. Tudo muda de um fim de semana para o outro, mas como disse o poeta - sem sorte não se toma nem um picolé. E esse time, além de pouco competente, está zicado.
Deve ser macumba de corintiano.
É como no poker: uma hora tem downswing, ninguém vence sempre.
ResponderExcluirQue essa zica continue e perdure!!
ResponderExcluirSiga o Lider!!!