16 de maio de 2012

Dicas de Vídeo [14]

Cópia Fiel
Alguns utilizam as críticas de jornal como parâmetro inverso para assistir ou não a um filme. De certa forma, é um preconceito que temos com os críticos, taxando-os de pseudo-intelectuais que só valorizam aspectos técnicos para mostrar que entendem alguma coisa e acabam dando notas boas para muitos filmes considerados "chatos" e notas medianas para filmes considerados "legais" pelo grande público. Não vou negar que tenho um pouco desse preconceito, mas acabo me sentindo instigado a assistir filmes bem avaliados em muitos lugares. Foi o caso do "Cópia Fiel". Mesmo lendo as resenhas, não imaginava o que esperar exatamente, além da boa atuação de Juliette Binoche. E acabei sendo surpreendido por um filme... diferente. Não vou contar nada aqui, só posso dizer que o filme depende de uma certa entrega do espectador para ser apreciado. Havendo essa entrega e a abstração da necessidade de "entender", ele se torna sensacional e bastante reflexivo.


Recomendo!


Se Enlouquecer Não se Apaixone
Sempre olhava esse aqui na locadora e pensava "putz, se levar esse vou ouvir piadinhas... e se for ruim ainda vou ficar escutando 'lembra aquele filme água-com-açúcar que você trouxe? ha ha ha' por uns dois meses". Daí minha esposa acabou alugando e eu pude fazer as piadinhas! "Esse é o seu hein!?". Mas para nossa surpresa, após assistir ficamos com aquela grata sensação de "Que filme legal!". É água-com-açúcar e tal, mas é muito bacana, eu gostei demais. 


Recomendo!


Quero Matar meu Chefe
Comédia mais engraçada que assisti nos últimos tempos. Ótimas piadas, misturando "pastelão" e inteligência na medida certa. Pouquíssimas situações forçadas, o riso flui naturalmente com a história.




Muito bom!


Conan, O Bárbaro
Sempre fui fã das histórias em quadrinhos do bárbaro simério. Isso acabou tornando quase que obrigatório assistir esse filme. Infelizmente (como já era esperado aliás) acabei me decepcionando. Acho que estou ficando velho, só pode ser isso, mas eu já não suporto mais filmes com uma cena de ação atrás da outra, com um mínimo fio de história para interligá-las. As interpretações estão mais ou menos, gostei da menina (bruxa), o vilão estava bom (mas muito melhor em Avatar, a comparação é inevitável), a outra menina (sacerdotisa) é bonitinha e só, e o protagonista até que vai bem e é fisicamente mais parecido com os quadrinhos, mas o Schwarzenegger continuará sendo a imagem lembrada de Conan no cinema, não tem jeito. 


Só pra quem é fã.


Deus e o Diabo na Terra do Sol
Na capa está escrito - "o maior filme brasileiro de todos os tempos". Bom, deve ter todo um contexto histórico, uma mensagem extremamente intelectual nas entrelinhas, uma virtuosidade em fotografia, direção de arte, inovação no estilo de atuação, e outras coisas que ninguém sabe muito bem o que é. Mas a verdade é que o "maior filme brasileiro de todos os tempos" é.... chato.

Não recomendo.









13 de maio de 2012

Dia das Mães

POR PATRÍCIA Sempre dei valor ao Dia das Mães (mesmo quando percebi que poderia ser uma data voltada ao comércio... “Maio não tem nada que aumente as vendas”... “Que tal colocar o Dia das Mães em maio?”... “Ótimo, você foi promovido!”). Procurando pela internet, encontrei muitas referências dizendo que desde a Grécia Antiga, havia celebrações na entrada da primavera, em homenagem a Reia, mãe de Zeus e considerada matriarca de todos os deuses. Mas essa festa ancestral se perdeu, e o Dia das Mães atual só surgiu no início do século passado, nos Estados Unidos, como homenagem às mulheres que perderam os filhos na Guerra Civil Americana. Aí, em 1932 o presidente Getúlio Vargas oficializou a comemoração aqui no Brasil e já em 1949 a data ficou mais voltada ao comércio, quando começaram muitas propagandas para aumentar as vendas, virando a data mais rentável para o comércio, juntamente com o Natal. 


Quando criança, adorava entregar cartões, desenhos, flores ou bugigangas feitas na escola, para a minha mãe, que era sempre super sensível (só que ao contrário) e muitas vezes “avisava” que aquelas flores eram mato, ou que já não havia lugar para guardar tanto papel e nunca guardava as bugigangas trazidas da escola. Depois cresci e parei de dar presentes após ter recebido algumas críticas pela blusa que escolhi com muita atenção, para que fosse da cor preferida dela, com um tipo de decote e mangas permitidos por sua religião, assim como pela roupa que ela provou na loja e depois não usou dizendo que não havia gostado muito, ou pelas flores que murcham, de forma que resolvi ficar só nos telefonemas e felicitações, que também renderam críticas, por eu nunca dar um presente. – Soube que os perfumes, sabonetes, tênis dados pelos meus irmãos, uns poucos anos atrás, também foram reprovados! Resumindo, é difícil agradar a minha mãe e tenho certeza que muitos passam pelo mesmo. Aliás, lembro que alguém me contou, quando indaguei sobre o presente para sua mãe, que um ano levou flores e ela pediu “um presente”, no outro levou um par de brincos que sua mãe criticou dizendo que era para mocinha, no ano seguinte, criticou o vestido dizendo que era para velha. Aí, naquele ano, não levou nada e ouviu que “nem para levar uma florzinha ou qualquer coisinha”!!! Ou seja, não muito diferente da minha própria mãe, pelo menos neste ponto. 


Afinal, mães são mulheres e, embora eu tente ao máximo fugir do padrão/clichê, sei que somos pessoas difíceis de agradar e entender, algumas muito mais! Desde pequena, ouvia minha mãe dizer que não concorda com o Dia das Mães – embora fique brava se não ganhar presentes ou telefonemas nesse dia! - e com o conceito de mãe criado pela sociedade, que é um absurdo esse, segundo sua definição, endeusamento das mães, etc. etc. Entendo os motivos dela, pois teve uma vivencia difícil do “ter” e consequentemente do “ser” mãe e normalmente concordava com ela, só para evitar discussões que não levariam a lugar nenhum, porque como disse lá na primeira linha, eu gosto e sempre valorizei o dia das mães. Mas ela é minha mãe e de alguma forma, sempre estará lá por mim, e no final, é isso que conta. Concordo também com quem diz que todo dia é dia, mas acho legal ter um dia específico para lembrarmos, nos conscientizarmos e homenagearmos as pessoas que amamos, seja dia das mães, dos pais, das crianças, avós, qualquer um. Terminando o momento lembranças de família, lembro que todos os anos, até 2000, realizávamos um almoço de Dia das Mães na casa da minha avó. Era um dia muito gostoso, ela reunia em sua casa os filhos, filhas, noras, genros, netos e agregados, em uma confraternização simples e bem familiar, onde era possível perceber os laços de mãe e filhos. A gente costumava presenteá-la com flores, cartões ou bugigangas feitas na escola e ela sempre retribuía com um sorriso. Minha tia também, inclusive, guarda até hoje, caixas cheias de desenhos meus e dos meus irmãos! Bom, eu não sei como minha avó era como mãe, pois não estava lá para saber (mas meu tio comentou que ela era daquelas que sabe o que o filho está sentindo só de olhar!), o que sei é que ela era uma ótima avó e amiga e por isso, todo Dia das Mães que segue desde o seu falecimento (Dezembro de 2000), lembro-me dela e não poderia deixar de cita-la aqui. 


Acabei lembrando dessas histórias, enquanto pensava sobre o “ser mãe”, porque sempre tive a opinião que para ser mãe, não basta ter um filho, ser mãe é uma construção e é preciso estar disposta a crescer, aprender e evoluir. É fundamental estar aberta para o novo, abrir mão de algumas coisas, dedicar-se, enfim, fazer valer o título “mãe”. Sei que não somos super mulheres que sabem, podem e conseguem tudo, que estão sempre sorrindo, saudáveis e pacientes, que estão acima de tudo e todos só porque teve um filho. Sei disso! O ponto não é esse, e sim, assumir as responsabilidades inerentes ao papel de mãe. Estou cansada de ouvir mulheres reclamando dos seus filhos, do cansaço, do trabalho, da educação deles, do comportamento deles, cansada mesmo. Principalmente quando essas mesmas mulheres são aquelas que menos passam tempo com seus filhos, que menos exercem a sua função materna, que largam os filhos com qualquer um para poder continuar se dedicando única e exclusivamente a si mesmas... Não há do que se queixar, certo? 


Se você não colocar energia em uma atividade, é natural que ela fique com alguns problemas. Nem vou focar na situação “trabalho fora”, pois sei que na sociedade atual, não é possível vislumbrar uma mulher que não trabalha, estuda, faz academia, cuida do filho, da casa, do marido, etc. etc. temos que ser multitarefas, isso é fato. Mas isso não justifica o que vem acontecendo, crianças colocadas em segundo, terceiro, quarto plano, sem nenhum vínculo afetivo, que são mimadas com presentes e caprichos, para compensar a falta de tempo e muitas vezes (muitas mesmo), a falta de vontade dos pais de dar atenção, carinho, despenderem tempo com o filho, estar ali para ele, de verdade. E por isso é indiferente se a mãe faz mil atividades fora de casa ou não, porque o que vai contar é a qualidade do tempo juntos e não a quantidade. 


Seria legal se as pessoas começassem a refletir mais sobre as consequências de seus atos e escolhas. Se você escolheu ter um filho, precisa arcar com a escolha de “ser mãe”. Isso vale para pai também, mas como é dia das mães, meu pensamento está focado nelas, ops, em nós! Hora de abrir os olhos, repensar o tipo de criação, de exemplo que estamos passando para nossos filhos, eles refletem aquilo que passamos e doamos a eles, para o bem e para o mal. Vejo muitos filhos que são estranhos para a mãe, e mães que são estranhas aos filhos... cumplicidade não existe, confiança tampouco. É complicado exigir um padrão de filho exemplar, sendo uma mãe medíocre, não fará nenhum sentido e não trará bons resultados. Por isso, gostaria de deixar meu desejo de que todas nós olhemos e reconheçamos as nossas falhas, que estejamos dispostas a modificar nossos padrões de comportamento baseados em nossa própria vivência da infância para assim transcender essa experiência, para assim aproveitar tudo aquilo que foi bom, transformar tudo aquilo que não foi, evitar repetir os mesmos erros, nos sentir seguras para cometer nossos próprios erros e corrigi-los em seguida e assim, possamos criar laços de confiança e amor. 


E também guardar com carinho as bugigangas vindas da escola, as flores que são mato, os brincos de mocinha, a foto tremida, o vestido de velha, o perfume forte, etc. etc. etc. Não deseje que seu filho seja perfeito, apenas o auxilie a ser alguém bom, que reconheça e valorize as pessoas, que saiba que sempre foi valorizado e tenha em você um porto seguro. Desejo a todas as mães que realmente SÂO mães, um ótimo dia, cheio de alegrias e colhendo cada vez mais vitórias e conquistas.




AUTORA: PATRÍCIA BAPTISTA

10 de maio de 2012

Green Day - She

A vontade pode superar o talento? Acredito que sim. Pegando um exemplo onde isso fica bem claro, o futebol - mais vale um jogador extremamente habilidoso, mas sem vontade de jogar ou um jogador de talento mediano, mas que come a grama quando entra em campo? Temos aí Ronaldinho Gaúcho para nos responder. Claro, quando o talento se junta com a vontade, aí ninguém segura, como acontece hoje com Neymar. Além de craque, o moleque está completamente a fim de jogo, ainda se diverte em campo. 


No domínio das artes, principalmente na música, acredito que essa regra (que como quase todas as outras também possui exceções) também seja válida. Na verdade, nunca apreciei muito a técnica e o virtuosismo, sempre dei preferência às canções que na minha opinião eram cantadas com mais coração do que razão, às canções que com 3 acordes e 2 minutos, conseguiam exorcizar todas as minhas frustrações. 


Claro que um pouco de talento sempre ajuda, mas de nada ele vale sem a presença da vontade. Acho que o cilpe abaixo é um bom exemplo do que estou tentando dizer. Pelo menos é um bom exemplo de que é possível tocar completamente drogado (o que não é um bom exemplo, mas enfim... :D).





She
She screams in silence
A sullen riot penetrating through her mind
Waiting for a sign
To smash the silence with the brick of self-control


Are you locked up in a world
That's been planned out for you?
Are you feeling like a social tool without a use?
Scream at me until my ears bleed
I'm taking heed just for you


She
She's figured out
All her doubts were someone else's point of view
Waking up this time
To smash the silence with the brick of self-control


Are you locked up in a world
That's been planned out for you?
Are you feeling like a social tool without a use?
Scream at me until my ears bleed
I'm taking heed just for you

4 de maio de 2012

Estrelas nos olhos



Quando era uma semente
Sonhava ser herói
E isso em minha mente
Hoje me destrói

A vida muito dura
Mostrou o que é crescer
Mesmo vestindo minha armadura
Não pude evitar o sofrer

Desilusões, desamor, desafetos
A realidade batendo em meu rosto
Um filho perdido quando ainda era feto
Foi a gota d’água para morrer de desgosto

Quando lembro de todo sonho
E tudo que planejei para nossa vida
Simplesmente como o bebê que não fui me encolho
Desejando não ter ficado nessa estrada perdida

Mas você era tão doce e me amava, mesmo sem me conhecer
Eu tinha estrelas nos olhos
Todas elas para você
Quem dera pudesse ter sido seu filho
Ser o herói que sonhei e que você também sonhou
Que um dia eu poderia ser

AUTORA: PATRÍCIA BAPTISTA



1 de maio de 2012

Filme - Os Vingadores

Alguns filmes nos fazem pensar, refletir sobre a vida, nos fazem encarar o mundo de uma outra forma,  nos fazem sofrer e viver junto com os personagens. Alguns filmes nos fazem rir, outros chorar. Alguns só nos fazem passar raiva por ter gasto dinheiro e tempo assistindo, outros nos dão a grata sensação de ter valido cada centavo e cada minuto que dispendemos no cinema.


Os Vingadores (The Avengers) vai além de tudo isso, consegue fazer o que nenhum outro filme conseguiu. Esse filme simplesmente faz com que voltemos no tempo, faz a gente se sentir criança outra vez. Bom, eu pelo menos me senti assim. Como se tivesse oito anos novamente e estivesse lendo um gibi de super-heróis pela primeira vez, me encantando ao descobrir um mundo completamente novo e fantástico, acreditando com a inocência que só as crianças possuem que tudo aquilo é real. Por mais de uma vez deu vontade de simplesmente levantar, bater palmas, comemorar, imitar os ataques do Capitão América, do Thor, vestir a armadura do Homem de Ferro. Imitar o Hulk.


Putz, o HULK! Como o Hulk ficou legal!


Aliás, acho que o maior mérito do filme é esse – todos os personagens do filme ficaram legais. Todos possuem sua importância e sua relevância na história, todos têm pelo menos duas cenas para se comentar depois “Putz! E aquela hora que a Viúva Negra fez isso! E aquela hora que o Gavião Arqueiro fez aquilo outro! E a hora que o Capitão América...”. Todos os heróis estão perfeitos. Downey Jr. hilário como sempre, Chris Evans novamente faz um surpreendente e carismático Capitão América, Hemsworth convence como Thor, Scarlet Johansson mostra (de novo) que não é só um rostinho bonito, Ruffalo faz o melhor Bruce Banner/Hulk de todos os tempos, Jeremy Renner tem cara de Gavião Arqueiro e Samuel L. Jackson impressiona como Nick Fury. Repito – todos os heróis estão perfeitos. E o vilão está melhor ainda - Tom Hiddleston É o Loki. É ele. A atuação do cara é impressionante, no mesmo patamar do Coringa de Heath Ledger.


Já assisti duas vezes e quando esse post for publicado provavelmente já terei assistido a terceira. Na primeira vi em 2D, dublado. Só tinha molecada na sala e a sessão foi sensacional, porque eles vibravam, riam alto, aplaudiam. Alguns filmes ficam melhores com “torcida”, com a participação, cumplicidade e entrega total da plateia. Vingadores é um desses. Depois assisti em 3D Legendado, no IMAX. O público estava mais contido (o horário – meia noite – também não ajudava muito) e a experiência não foi tão imersiva. Normalmente prefiro filmes legendados, mas percebi que esse especificamente fica melhor dublado. Os diálogos são rápidos e mesmo pra quem lê com facilidade fica difícil acompanhar. As piadas também soam mais engraçadas em português.


Enfim, seja dublado, legendado, 2D, 3D... o filme é sensacional - são duas horas e meia de diversão descompromissada e garantida. 


AVENGERS, ASSEMBLE!!!






30 de abril de 2012

Pesadelo

Eu tive um pesadelo. 


Sonhei (afinal os pesadelos também são sonhos, só que terríveis) que uma garoa fina começou a cair no Morumbi, antes do jogo começar. Naqueles detalhes sórdidos e cruéis que não sei como meu inconsciente consegue criar, o placar eletrônico anunciou que Paulo César de Oliveira seria o árbitro da partida. Um pouco depois disso, criando o enredo perfeito de suspense, o mesmo placar eletrônico anunciou o nome de Willian José entre os titulares do São Paulo. Isso somado aos nomes “Piris” e “Paulo Miranda” resultaram em um calafrio percorrendo a minha alma, mas eu sou corajoso (pelo menos nos pesadelos eu sempre sou corajoso) e pensei “esse jogo é nosso, pode jogar qualquer um que não vai ter erro, hoje é nosso”. 


O inconsciente tenta nos dar pistas de que estamos sonhando, só que na hora a gente não percebe. Acha estranho, mas não desconfia de que seja tudo invenção da nossa própria cabeça. Nesse pesadelo de hoje, a pista foi a cor do uniforme do Santos – azul? Agora, acordado (já me belisquei pra ter certeza), eu vejo como fui bobo em não perceber logo o ardil criado pela minha mente e despertar de uma vez. Mas na hora não percebi, e só continuei sonhando. Até então ainda era sonho. Um sonho esquisito, mas só um sonho. Paulo César de Oliveira autorizou o início de jogo e a bola rolou. Daí o sonho virou pesadelo. Antes que os times pudessem se estudar, Paulo Miranda dá um carrinho dento da área e o árbitro marca pênalti. Mais uma tentativa do inconsciente para me fazer acordar – afinal, apenas em pesadelos um zagueiro titular do São Paulo Futebol Clube pode cometer um pênalti infantil daqueles logo aos 3 minutos de uma decisão. Se fosse sonho Dênis ia pegar, mas era pesadelo mesmo e Neymar marcou.


Como num filme de terror macabro, a esperança foi sendo alimentada, com volume de jogo, bola na trave, ameaça, postura ofensiva. Quando parecia que ia, Paulo Miranda falhou novamente, ficando travado na frente de Neymar, que dominou, invadiu a área como quis e ampliou o placar. O mesmo Neymar que depois quase quebrou a coluna de Piris, dando 5 dribles seguidos até ser parado com falta. Outra pista – afinal, um lateral direito titular do São Paulo Futebol Clube não pode ser driblado 5 vezes seguidas, nem por Neymar, nem por Garrincha, nem por Pelé. Eu queria acordar logo, mas ainda tinha o segundo tempo. Eu ainda precisava ser torturado pela má pontaria de Willian José. Minha esperança ainda precisava ser alimentada pelo gol, pelo volume de jogo, pela perspectiva do empate, para logo depois desmoronar completamente com um frango de Dênis após chute do onipresente Neymar. Eu queria que acabasse logo (a gente sempre quer que os pesadelos acabem logo), mas ainda precisava ver Fernandinho perdendo gol cara a cara, ainda precisava ver Cícero ser expulso após fazer falta em... Neymar. Ainda precisava ouvir, sem força ou vontade alguma de reação, a torcida do Santos gritar “eliminado”, pelo terceiro ano consecutivo.


Finalmente eu acordei, porque uma hora a gente sempre acorda. E a vida continuou, porque ela sempre continua. E já voltei a sonhar de novo, porque a gente sempre volta a sonhar. Porque a gente só vive enquanto sonha. E o sonho agora é vencer a Ponte Preta, é vencer a Copa do Brasil, é ver Luís Fabiano em campo e ser decisivo quando o São Paulo mais precisar dele, é ver Lucas chamar a responsabilidade do jogo. 


O sonho é ver o São Paulo jogar.


Mas quando e enquanto os nomes “Paulo Miranda”, “Piris” e “Willian José” aparecerem no placar eletrônico, sempre ficarei na dúvida se é sonho ou pesadelo.






28 de abril de 2012

Já encheu o saco - Ato Médico

PATRÍCIA BAPTISTA: Desde o momento que em que foi proposto, até agora (10 anos!) o assunto causa muitas polêmicas. Recentemente aprovado, reacendeu o fogo das discussões e gerou milhares de campanhas, ofensas e dúvidas. De modo geral, o PLS 25/2002 ou Projeto de Lei do Ato Médico tem como proposta regulamentar o exercício profissional da medicina, ou em outras palavras, os atos médicos. O texto define que só médicos são autorizados a diagnosticar doenças, a realizar cirurgias e a comandar serviços de medicina, entre outras resoluções, que você pode ler aqui e aqui

Acredito que o "Ato Médico" pode ser descrito de duas formas. Uma é como a medicina descreve, e a outra, como todas as demais áreas da saúde descrevem. Para os médicos, esta lei tem como objetivo definir quais as atividades exclusivas da profissão, aquelas que só podem ser realizadas ou autorizadas por eles e, em hipótese alguma subordina outra profissão a eles ou retira de outra categoria profissional as prerrogativas que detenha. 

As outras categorias da área da saúde pensam que esta lei tem como objetivo a reserva de mercado e subordinar aos médicos todos os outros profissionais, dificultar o atendimento da população nos outros serviços de saúde e as especializações de cada área. Um exemplo é a acupuntura, que podia ser realizada por psicólogos, fisioterapeutas, dentistas e que agora deixou de ser bobagem e charlatanismo para virar prática exclusiva dos médicos. Justo agora que a prática faz parte do SUS! 

Já fui muito contra o ato médico, o projeto original era muito estranho, além de ter sido redigido por um médico e ter como relator um outro médico, fazendo reserva de mercado para... o médico. Claro que isso era muito suspeito! Mas o PL sofreu inúmeras modificações ao longo desses 10 anos e os problemas que apresentava foram sanados, em grande parte. Ao ler a proposta final, não vi tantos problemas como tenho visto pela internet, faculdades e hospitais. Penso que muitos não leram a nova edição e ainda mantém o preconceito daquele texto apresentado anteriormente, entendo que o preconceito pode ser mantido por conta das bobagens que o presidente do Conselho Federal de Medicina disse, principalmente com relação a psicologia e fisioterapia (por exemplo, que os psicólogos, mesmo após 5 anos de estudo, não estariam aptos a diagnosticar transtornos mentais, nem promover tratamento apenas com "conversinha"), porém isso cai novamente na briga de egos e na feira das vaidades... E sinceramente, não me importo com o que ele falou. Devia estar num dia ruim, precisando urgente consultar seu psicanalista! 

Enfim, o Ato Médico já encheu o saco por causa do desgaste que trouxe para todos nós. Quem está totalmente de fora não tem ideia da tensão, da angustia, do cansaço, da mobilização feita para que fosse possível haver mudanças no Projeto de Lei, de forma que minimizasse prejuízos para os demais profissionais e para a população, que sairia sem dúvidas perdendo muito. Não sei se será o ideal, continuo achando estranha a centralização de muitos serviços nas mãos de poucos e dar exclusividade no caso de chefia e direção de núcleos multidisciplinares de saúde, mas esses 10 anos acompanhando essa luta me faz torcer para que tenha sido para o bem e que sejam feitas todas as mudanças necessárias para oferecer o melhor para a população e não para x ou y profissional.


Ah, continuo achando que a acupuntura não deve ser exclusividade médica! =)


AUTORA: PATRÍCIA BAPTISTA


18 de abril de 2012

Não é crime - aborto de anencéfalo

POR PATRÍCIA Em 2004 foi proposta a descriminalização do aborto em caso anencefalia, porém, acredito que não havia maturidade o suficiente na época, de forma que, em poucos meses, foi cassada a liminar que o autorizava, para a alegria dos manifestantes “pró vida” – seja lá o que eles entendam por vida e para tristeza de mães e familiares envolvidos numa situação de gestação de feto anencéfalo.

Muitas mulheres precisaram, neste grande período de proibição, recorrer a procedimentos pouco satisfatórios do ponto de vista da saúde física e mental. Seja abortar em clínicas, como se tivessem cometendo um crime (e tecnicamente estavam, podendo ser presas por até 4 anos); manter a gestação até o seu término, correndo sérios danos psicológicos (pense gerar por 9 meses um bebê que não viverá com você, passar por todas as transformações da gravidez e no final, não ter um bebê para cuidar e ver crescer, apenas um pequeno caixão para enterrar) e físicos (hipertensão, pré-eclampsia, estresse pós traumático, depressão) ou ainda, recorrer a justiça para que fosse autorizado o aborto, passando por situações de grande estresse, devido a incerteza de ter seu pedido negado ou aceito pelo juiz, além do tempo para receber uma resposta, sofrendo enquanto o feto se desenvolve, sem prognóstico positivo para uma vida fora do útero. É impossível imaginar de forma consistente o tamanho do sofrimento destas mulheres e de suas famílias.

No dia 11 de abril de 2012, iniciou-se novo julgamento referente à descriminalização do aborto de anencéfalos e no dia seguinte, com 8 votos a favor, o Supremo Tribunal Federal decidiu legalizar a interrupção da gravidez nestes casos. Para chegar à conclusão que se chegou, o STF levou em conta muitos argumentos relacionados ao fato e, acredito que baseado em todas as evidências, não seria possível chegar em um resultado diferente deste, se não fosse contaminado por questões de cunho religioso, por exemplo.

Desde então, não é difícil encontrar sites, blogs, revistas e jornais, discorrendo sobre o assunto. E, se de um lado encontramos uma multidão de pessoas revoltadas, dizendo que esta decisão vai contra o direito à vida, contra as leis divinas, entre outros argumentos, do outro lado vemos um grupo de pessoas (no qual me incluo), felizes com o que podemos considerar uma vitória, principalmente no que se refere ao direito da mulher e da qualidade de vida.

Tenho uma amiga psicóloga, mestre em saúde, especializada em casos de violência e abortos previstos em lei. Como autoridade no assunto, foi convidada a participar do primeiro dia de julgamento, lá mesmo, em Brasília. Desta forma, desde o início tive a possibilidade de receber informações confiáveis e em tempo real, além daquelas apresentadas na TV ou internet. A cada voto, a cada argumento, ela estava disponível para nos transmitir e também dar seu parecer a respeito, foi muito interessante e produtivo, pois pude ter um contato mais pessoal com o assunto.

Vivemos num país democrático e todos podem dar sua opinião, porém seria interessante se as pessoas, antes de saírem por aí gritando que são contra (ou a favor) disso e daquilo, procurassem entender um pouco mais sobre o que estão defendendo. Infelizmente, isso não ocorre com frequência e acabamos defendendo nossas opiniões baseados em falácias, preconceitos, “sexismos” e “achismos”. Para tentar fugir da mesma armadilha, tentarei embasar cientificamente tudo aquilo que abordo.

Não poderia iniciar de outra forma, senão explicando o que é anencefalia. De modo geral é uma má formação do tubo neural, na qual o feto não desenvolve parte do encéfalo e nem a caixa craniana. Não há garantia de vida fora do útero, sendo que na maior parte das vezes são natimortos, e no caso de sobrevivência, o bebê estará em estado vegetativo, totalmente inconsciente, não terá sensibilidade ao toque, dor, movimentos reflexos, nada. Segundo os médicos, não é semelhante a morte cerebral, pois não houve cérebro funcional anteriormente, nem mesmo formação de tecido cerebral suficiente para que desse a pessoa condições de sobrevivência. O diagnóstico é preciso e não há grandes dificuldades para identificar casos de anencefalia.

Somente com esta definição, pode-se derrubar dois argumentos das pessoas que são contra a liberação do aborto nestes casos. Um deles é que a dificuldade de identificar os casos reais de anencéfalos faria com que as mães pudessem cometer um erro gravíssimo. Ou dando o famoso jeitinho brasileiro – “digo que meu feto é anencéfalo e faço o aborto legalizado” ou ainda, o tal erro, decorrente da famosa incompetência – “fiz o aborto e descobriu-se que não era anencefalia”. O outro, é que a criança tem o direito à vida, de sentir-se viva, sentir o amor da mãe, nem que seja por algumas horas, porém, sem um tronco encefálico ou, no caso de possuí-lo, sem um cérebro funcional, não podemos dizer que há vida.

Ainda somente com a descrição da má formação genética, podemos argumentar a favor da legalização, pois durante a gestação de um feto anencéfalo, a mulher apresenta alto risco de danos físicos como embolia pulmonar, aumento do volume do líquido amniótico, pré-eclampsia e morte. Já que o diagnóstico é apresentado no início da gestação, é possível evitar todos estes transtornos fisiológicos e, além disso, todo o sofrimento psicológico que este problema causa a futura mãe. Segundo profissionais da área, todo o sofrimento desde o diagnóstico da anencefalia até a morte da criança gera graves problemas de saúde psíquica na família. A interrupção da gravidez diminui o sofrimento dos pais e evita experiências ainda mais desagradáveis, como providenciar o sepultamento do filho e toda a dor advinda deste processo, de esperar toda a gestação, para depois ver o filho num caixão, sendo enterrado. Levar a gravidez adiante pode ocasionar um quadro de depressão muito difícil de reverter. Vale lembrar que não estamos falando de uma mulher inconsequente que engravidou “sem querer” e quer se livrar do bebê, sem pensar em mais nada além de si mesma, mas sim de uma gestação desejada, muitas vezes planejada, na qual a mulher e a família criam uma grande expectativa que não vai se consumar. Ninguém espera que vai acontecer uma tragédia com os seus bebês, por isso o choque é sempre grande.

Além de levar em consideração todo o sofrimento que as famílias vivem, pois manter a gestação de um bebê que não tem condições de sobreviver, é desgastante e desumano, levou-se também em conta a autonomia reprodutiva das mulheres, o que é um grande avanço, ao meu entender. Para especialistas, é uma vitória para as brasileiras, pois esta lei garante os direitos fundamentais de liberdade, igualdade e autonomia reprodutiva.

Isto significa que a mãe não é obrigada a optar pelo aborto, somente que ela tem esta possibilidade e pode decidir fazê-lo, sem precisar esperar meses para receber uma autorização judicial, sem ser necessário sentir-se culpada e criminalizada pela decisão de interromper a gravidez, pois agora está amparada pela lei. Aliás, este é também um ponto importante! Esta lei não visa legitimar praticas de aborto, mas sim garantir o direito da mulher de realizar a antecipação terapêutica do parto. A mãe pode julgar de acordo com sua decisão pessoal e não mais depender da decisão do Estado, do magistrado ou de quem quer que seja. Assim, se você é contra o aborto em todo e qualquer caso, simplesmente siga com sua opinião e, caso concorde e viva a situação de gerar um feto anencéfalo, você agora tem o direito de poder interromper a gestação e não passar por mais traumas, além daquele que já estará vivendo. A decisão da mulher, segundo ministros, não é apenas inviolável, é sagrada!




15 de abril de 2012

Dicas de Vídeo [13]


Cavalo de Guerra
Tipo de filme feito para emocionar e ganhar prêmios. Essa preocupação é bem evidente do começo ao fim. Não que tenha algo de errado com isso, mas sei lá, tudo que é muito perfeito me incomoda de certa forma.
Mas é um grande filme, uma história bem contada com fotografia espetacular.

Recomendo!



Gigantes de Aço
Quando ouvi falar desse aqui já achei que seria só mais um filminho bobo de sessão da tarde. Bom, não deixa de ser um filminho bobo, mas é muito, mas muito legal mesmo! Deu uma baita (putz, assisti o jogo do São Paulo com o Neto comentando agora incorporei esse "baita" no meu vocabulário) nostalgia assisti-lo, me lembrou vários clássicos da infância. Apesar de um pouco violento (bem pouco, só mostra lutas de boxe entre robôs) é uma boa pedida para assistir com a família.

Muito bom!


Durval Discos
Eu gosto de filme assim - simples! Uma história bem amarrada, bons diálogos e interpretações, um cenário familiar (pelo menos para quem mora em São Paulo).
Além disso, esse filme (que não é terror!) tem uma das cenas mais bizarras que eu já vi no cinema.

Vale a pena!



Passe Livre
Pensei que esse aqui seria uma bomba. Até que não é tanto. O Owen Wilson faz a atuação padrão dele, sem causar nenhuma gargalhada, mas segurando bem o filme. Palhaçadas a parte, o filme até que remete à uma boa reflexão sobre os relacionamentos de longo prazo (essa reflexão poderia ser bem melhor explorada, sem perder o humor - daí poderíamos dizer que era um bom filme).

Enfim, comédia normal, nada demais, mas numa falta de opção geral de Sábado à noite, até que vale arriscar.

Mistério da Rua 7
O filme começa até bem, criando uma atmosfera de suspense e - mistério! Mas logo cai numa mesmice, explicando tudo que não deveria ser explicado e não dando nenhuma pista do que deveria ficar mais claro. Acaba apelando para alguns trechos obscuros que só deixam tudo mais confuso e desinteressante. Final com gosto de "perdi meu tempo".

Não recomendo.




11 de abril de 2012

Emilie Simon - Song of the storm

Por Patrícia: Pensei muito em qual música seria a primeira que colocaria no blog. Tantas opções, tantas perspectivas, tantas histórias... Muitos clássicos e referências na área musical passaram pela minha cabeça... The Ramones, Green Day, The Beatles, Pearl Jam, Titãs, Los Hermanos, Pink Floyd, Eminem.

Mas é sempre assim, na hora de escolher apenas uma, bate aquela dúvida. Nenhuma parecia ser significativa o suficiente, estranhamente.

De repente, me veio a mente: "Song of the storm"! E logo em seguida um "Putz, ninguém vai gostar". 
Pois bem, ainda que ninguém vá gostar, fiquei com ela na cabeça e não consegui tirá-la, por isso resolvi ficar com esta mesmo e pensei que, talvez se explicasse (resumidamente) porque foi escolhida, ganhasse um desconto nos comentários de "Putz, que música horrível!!!"... hehehehe.

Assisti o filme "A marcha dos pinguins" no cinema e, como quase todas as mulheres do mundo, achei delicadamente encantador... cada passagem, cada paisagem, cada melodia. E, além de fazer parte da trilha sonora (ótima) deste filme (excelente), esta música teve participação em um momento muito especial da minha vida.

Se você é mulher e já esteve ou está grávida, sabe que não deve haver outro momento na nossa vida em que conseguimos ter todos os sentimentos do mundo quase ao mesmo tempo. Se você é homem e conviveu com uma grávida, tem uma idéia (mínima) do que é isso. Foi neste contexto de "todos os sentimentos em um minuto" que prestei atenção nesta música e percebi que tinha tudo a ver com aquilo que sentia e vivia naquela hora.

Poderia contar com detalhes os "porquês", mas não vem ao caso agora, o que importa é que colocou palavras aos sentimentos e isso bastou em alguns dias, algumas horas, da longa jornada chamada gestação.

Segue a música, sejam compreensíveis com uma pobre garota atordoada pelos hormônios da gravidez... hahahaha.... :)





Song of the Storm – Emilie Simon

Can't you hear my storm coming
Stones falling on to you
Can't you feel the earth shaking
Big dark clouds forming now

Can't you hear my sky shouting
Close, chasing after you
Deep, dark fear building up
It's too strong for you

And I hope you're satisfied (x3)
To see the wind blow over me

Can't you hear my snow crying
Under your feet the ice breaking
Can't you hear me, I'm here
I'm whistling in your ear

 And I hope you're satisfied (x3)
To see the wind blow over me


Can't you hear my storm coming
Stones falling
Big dark clouds forming now

Can't you hear my storm coming
Stones falling
Big dark clouds

And I hope you're satisfied (x3)
To see the wind blow over me


Over me... (x4)

Can't you hear my storm coming
Stones falling
Big dark clouds forming now
(x2)



8 de abril de 2012

Já encheu o saco - Big Brother

Há uns 12 ou 13 anos, no auge da adolescência e da arrogância inerente a esse período da vida, eu tinha certeza absoluta que ouvir punk rock era a coisa certa a fazer.  Pra mim havia um propósito naquelas músicas, uma rebeldia, um grito de ódio contra o sistema e contra a opressão. Eu não era, nem nunca seria mais um alienado, como eram os pagodeiros e sertanejos com suas músicas de dor-de-cotovelo, nem um fútil depravado que só queria pegar uma menina fútil e depravada enquanto dançava forró ou axé, nem alguém que só dava valor à forma e não ao conteúdo ouvindo músicas com muitos acordes que não levavam a nada, como faziam os metaleiros. Não. Eu era superior a tudo isso.

Porra, eu ouvia Bad Religion!

E tinha certeza que o mundo seria um lugar melhor se todos fizessem o mesmo.

(Não, eu não errei no título, esse texto é sobre o Big Brother mesmo, já vamos chegar lá).

Hoje me lembro disso e acho um pouco de graça. E também sinto um pouco de vergonha, afinal, como eu podia ser tão bobo e prepotente? Mas logo em seguida já vem o questionamento – será que eu mudei? Bom, continuo ouvindo punk rock, mas agora a minha única certeza é que isso vai mudar tanto o mundo como o funk, axé, sertanejo, pagode ou qualquer outro estilo musical. Sim, no que tange a música eu acredito ter “amadurecido” por assim dizer, mas será que em outros assuntos não tenho uma postura parecida com aquela que tinha quando era jovem? Será que eu ainda sou iludido pelo engodo de me achar um ser superior só por preferir determinada linha de pensamento, ter determinados hobbys e hábitos? O Big Brother me fez perceber que sim, que ainda caio nessa armadilha. E que fazer julgamentos é muito fácil e muito tentador.

Faz tempo que estou querendo escrever sobre esse assunto (BBB). Já vi outros blogs falando sobre esse tema e a maioria escolheu a abordagem que eu inicialmente escolheria – “esse programa é uma porcaria e deixa as pessoas mais alienadas e menos inteligentes”. Bom, foi nessa hora que respirei fundo e pensei – será que se eu partir para essa linha de pensamento, não estarei sendo tão arrogante quanto era com a música há alguns anos? E será que não estarei contradizendo o que eu acredito? Sim, certamente estaria (na verdade estarei, porque tenho a impressão que vou fazer mesmo assim).

Primeiramente – no que eu acredito? Eu acredito na vida do cidadão comum, em acordar cedo e trabalhar, porque (infelizmente?) essa é a minha realidade, é a única realidade que eu conheço. E em mais nada – Deus, céu, paraíso, inferno, karma, dharma, desígnios divinos, evolução espiritual, reencarnação, etc. Nada. Só acho que estamos largados aqui, totalmente por acaso, vagando por esse mundo, desprovidos de propósito, sem ter qualquer tipo de missão a cumprir, qualquer tipo de lição a aprender. Só tentando preencher da melhor forma aquele tempinho entre o nascimento e a morte. Isso quer dizer que, tanto faz se você passou o tempo lendo “Genealogia da Moral” de Nietzsche ou “O Veneno do Escorpião” da Bruna Surfistinha, se você ouviu Mozart ou Michel Teló, se você assistiu toda a obra do Godard, do Bergman, do Kubrick e do Aronofsky, ou se você ficou dando uma espiadinha no Big Brother. Em última instância, vamos morrer e tudo será apagado, esquecido e perderá todo o valor que nunca teve. Como disse o Rei Salomão– “Tudo é vaidade e vento que passa. Não há nada de proveitoso debaixo do sol”.

Não estou dizendo que eu gostaria que fosse assim, só estou dizendo que eu acho que seja assim (sinceramente, gostaria muito de estar errado). Quando eu disse à minha mãe que não acreditava em Deus, ela me perguntou “ah, então todo mundo pode sair matando, roubando, fazendo o que quer e se não for pego aqui na terra vai morrer e ficar sem receber nenhum tipo de punição? É isso que você acha certo?”. Respondi que não, não acho certo e nem justo, mas é isso que eu acho que acontece. E o universo não vai mudar por eu discordar do mecanismo das coisas.

Mas isso é outro assunto. Vamos voltar à casa mais vigiada do Brasil.

O título da crônica é “já encheu o saco”. E eu de certa forma posso ter passado a impressão de estar argumentando a favor do BBB. Não é o caso, não estou contra, nem a favor. Mas já estou de saco cheio - todo ano é a mesma coisa. Você liga a TV, está lá – propaganda a cada dois segundos, trechos do programa, gente chorando, cochichando, bebendo e mostrando a bunda na beira da piscina (não, eu não sou moralista, nem hipócrita – nádegas femininas me atraem, me agradam a visão, mas não naquele contexto, não enquanto a dona da bunda bonita fala e demonstra o quão vazia e feia é por dentro). Acessa um site de notícias, está estampada a manchete em letras garrafais dizendo quem ficou com quem, quem se embebedou, quem tá no paredão, quem é o anjo, quem indicou quem, quem estuprou quem. Eu assisti alguns episódios (será que podemos chamar de episódios? Ou seriam capítulos? Ou outra coisa? Bom, não importa.) do primeiro BBB (que o Kléber Bam Bam ganhou se não me engano), também assisti alguns da “casa dos artistas” (do Supla e Bárbara Paz). Era novidade, mesmo assim acabei enjoando rápido. E sempre que vejo uma nova edição ser lançada (normalmente no intervalo dos jogos, que é praticamente a única coisa que me motiva a ligar a TV), penso – “será que as pessoas não enjoam disso? Eu nem assisto e já estou de saco cheio...”. E já estamos na 12º edição do negócio?

O BBB é um veneno que corrompe a sociedade? Acho que não, mas é aqui que vem o tema que gostaria de discutir. Na minha opinião, o BBB é só mais um programa fútil (a análise é totalmente subjetiva). Isso é ruim? Depende. Eu acredito (olha, achei mais uma coisa que eu acredito!) que tudo o que é demais acaba fazendo mal. Eu não suportaria viver só de coisas supostamente intelectuais, reais e eruditas. Não, acho que um pouco de futilidade, um pouco de distração e entretenimento descompromissado é importante de vez em quando. O tal do BBB preenche essa lacuna (Ratinho e Luciana Gimenez são outras “boas” opções na televisão). O problema que vejo é quando a futilidade ocupa 100% do tempo das pessoas. Quando o BBB é só mais um dos programas vazios que assistimos. “Ah, mas você não falou que tanto faz o que assistimos? Que tudo vai acabar de qualquer forma e perder o valor?” – sim, é verdade. Mas também falei que temos que tentar preencher da melhor forma o tempo entre o nascimento e a morte, certo? E não acredito que levar uma vida totalmente baseada em futilidades seja a melhor forma de se preencher o tempo. Por quê?

Porque acredito (caramba, já estou me sentindo quase um crente!) que devemos buscar um equilíbrio na vida, tentando encher o coração de alegria quando e enquanto isso for possível (isso também é falado pelo rei Salomão em Eclesiastes) e nos preparando para as mazelas e dias de sofrimento que certamente virão. Suponho (baseado apenas em observações pessoais) que a futilidade atrapalhe nesse ponto – pessoas fúteis me parecem menos preparadas para enfrentar a realidade, a dureza e o sofrimento indissociável da condição humana (embora às vezes pareçam se divertir mais em seu universo paralelo de conto de fada). Essas pessoas também me parecem menos aptas a questionar e mesmo a entender o mundo que as cerca. Não que isso seja de grande valia, acho que o máximo que podemos almejar é ver as cordas que nos controlam. Mas isso não nos tira da condição de marionetes.

Em última instância, vamos morrer e tanto faz o que fizemos ou deixamos de fazer em vida. Não vai morrer menos quem viveu mais, e não há argumento contra isso (pelo menos nenhum que não precise apelar para o sobrenatural). Mas, levando em conta os outros fatores que apresentei (se alguém teve paciência de chegar até aqui) e considerando também que não é tão simples apenas “não gosta, muda de canal”, dado o poder de “coerção” da rede Globo, eu questiono:

O que poderia passar no lugar do BBB?

Que tipo de programa agrega algo em cultura, diminuição da futilidade e do vazio?

Existe isso na sua opinião?

Esse tipo de programa teria audiência?

A única que eu responderia com certeza seria a última. Definitivamente não teria audiência. Pois o que gostamos mesmo é de assistir a vida dos outros enquanto a nossa própria vida passa, ouvir o choro das almas vazias habitando corpos bonitos, que se bronzeiam em horário nobre na beira da piscina.


3 de abril de 2012

O Nada e Eu


Pensamentos alienados
Insensibilidade sonora
Realidade fictícia
Palavras desentoadas
Memórias metafóricas
Imagens abstratas
Esquecimento consciente
Conversas mudas
Sorriso infeliz
Olhar conflitante
Lágrimas fingidas
Vida em morte
morte em vida
Passado presente
Medo possessivo
Problemas inacabados

O nada e eu.



Autora: Patrícia (Patthye)

1 de abril de 2012

Conheça o blogueiro





Respostas aos memes da Joicy e da Valquíria (fico honrado com a lembrança!)



11 coisas sobre mim

1 - Torço pelo São Paulo Futebol Clube. Já fui extremamente fanático quando era jovem. Bom, acho que não mudei nada depois de velho.

2 - Tenho um Shih-Tzu (um cão conhecido pela ferocidade) chamado Kaká (meu filho que escolheu esse nome, hein!). Sim, isso combinado com o primeiro ítem acaba por gerar algumas piadas.

3 - Sou garoto de programa.

4 - Tenho 1 metro e 66 e 75 quilos (o que deixa a piada anterior sem graça, porque daí todo mundo já se liga que estou me referindo à programas de computadores).

5 - Um dia pretendo conhecer o Acre. Também não faço a menor idéia do porquê, mas quero ir, mesmo que seja pra chegar lá, pensar "que fria, hein?" e querer voltar no dia seguinte.

6 - Tenho 31 e sou casado há 10 anos (não, ela não estava grávida quando nos casamos!).

7 - Tenho um filho que acabou de completar 5 anos e está se tornando fanático por futebol e pelo São Paulo (não pressionei nem um pouco, juro por Deus!).

8 - Sou ateu. (Graças à Deus).

9 - Gosto de estudar teorias da conspiração, mesmo sabendo que é tudo bobagem.

10 - Não acredito que o homem foi à Lua (aquela encenação foi parte do plano dos Rockefeller para instituir a Nova Era).

11 - Tenho certeza absoluta que o Green Day é a melhor banda de todos os tempos. Os Beatles aparecem em um distante segundo lugar.



Resposta ao meme da Joicy (http://umaseoutrasjoicy.blogspot.com.br/)


1 - Uma música
"She" do Green Day (acabei de ouvir, provavelmente isso tenha influenciado minha escolha)

2 - Um livro
As Crônicas de Artur (Bernard Cornwell).

3 - Um filme
Pulp Fiction

4 - Um hobby
Assistir aos jogos do São Paulo no estádio

5 - Um medo
Morte das pessoas que amo

6 - Uma mania
Quebrar palitos de dente enquanto espero chegar o prato (talvez seja uma forma inconsciente de apressar os garçons, tipo - "hei, vamos levar a comida dele logo, senão ele vai acabar com nosso estoque de palitos de dente!")

7 - Um sonho
Poder me dedicar integralmente à escrita

8 - Não consigo viver sem
Paixão

9 - Tem coleção de alguma coisa?
Sim, de miniaturas de RPG (se fossem 12 coisas, a 12º seria - "As pessoas dizem que sou Nerd, não sei por quê.").

10 - O que lhe chama atenção no Umas e outras?
O jeito informal que a Joicy escreve. Parece uma conversa de boteco (só falta a cerveja pra ficar perfeito).



Perguntas da Valquíria (http://palavrasdevalquiria.blogspot.com.br/):

1 - O que você gosta de fazer no final de semana?
Tomar café na padaria, comer pastel na feira, andar no parque, jogar bola com meu filho, ir ao cinema e ao estádio de futebol.
Resumindo, gosto de sair de casa.

2 - Qual seu estilo musical?
Punk Rock!

3 - Qual seu lugar preferido?
Tirando a minha casa (embora isso soe paradoxal com a primeira resposta), o Morumbi.

4 - Qual momento mais marcou sua vida?
O nascimento do meu filho. É uma emoção indescrítivel.

5 - Tem alguma mania? Qual?
No outro meme já falei sobre a dos palitos. Que eu me lembre é só essa. Nem vou perguntar pra minha esposa, senão provavelmente ela vai aparecer com uma lista.

6 - O que você considera mais importante na sua vida?
Ficar perto e acompanhar o desenvolvimento do meu filho.

7 - Se arrepende de alguma coisa? De quê?
Às vezes penso que poderia ter me dedicado mais ao desenho e à escrita. Não sei como seria, mas tenho certeza que não teria conhecido os meus amigos atuais e talvez nem a minha esposa. Então não posso dizer que me arrependo.

Ah... deveria ter ido ao show do Paul McCartney. Disso eu me arrependo sim.

8 - Qual a sua relação com a escrita?
Gosto de escrever, mas não consigo dedicar muito tempo à isso. Tenho uns 3 ou 4 livros aguardando um pouco de atenção há anos... e o tempo vai passando e eles continuam lá, parados.

9 - Do que você tem medo?
De perder as pessoas que amo.

10 - Prefere cinema ou teatro?
Cinema! A telona me impressiona. Sempre.

11 - O que você acha da pessoa que te enviou esse Meme?
Me parece uma moça sincera, honesta e de muita fé. Uma mulher forte e independente que faz o possível e o impossível pelo filho. 
Uma boa pessoa.


28 de março de 2012

Cidade Jardim e diCapri Caffè


Por Patrícia (Patthye) O Shopping Cidade Jardim, embora destinado à classe A³ -ou mais, é um local muito interessante para você (...assim como eu, pessoa comum, filho de Deus...)  e qualquer um conhecer.  
Com arquitetura rica em detalhes, decoração charmosa, jardins naturais muito bem cuidados, lojas sofisticadas (que não cabem no meu bolso e no de quase ninguém que conheço), sala prime de cinema, livraria tranquila e rica em títulos, espaço para ler, conversar, descansar, bancos ao ar livre, com vista panorâmica da cidade, entre outros.

Como exemplos, a loja Daslu que sempre tem uma decoração moderna e cheia de extravagâncias, Tools and Toys, uma loja que vende helicópteros, carros e motocicletas de luxo, além de jet skis, lanchas, iates, buggys, etc. (só essas coisinhas básicas). Além da Jimmy Choo, queridinha das sub celebridades brasileiras, Prada e Reinaldo Lourenço.
MAS, não era isso que eu queria falar! Na verdade eu queria falar sobre meu vício em doces! Sou completamente apaixonada por tudo que é de chocolate e não existe nada, nem ninguém, que faça isto mudar... nem terapia, dieta, reza brava, nada mesmo... meu amor por chocolate vem de longa data, desde onde a minha memória consegue buscar e portanto, é um amor verdadeiro.
 
Bom, lá no Shopping Cidade Jardim, que já comentei um pouco acima que vale a pena passear, conheci a diCapri Caffè Bistrô (que eu não sabia, mas depois descobri que existe em outros locais e está no mercado há 20 anos e que de acordo com os fundadores, “é inspirado nos aconchegantes e deliciosos cafés italianos, o cardápio trás, além de uma extensa lista de drinks de café, doces deliciosos, salgados e comidinhas rápidas, servidas com muita elegância e que estão sempre muito saborosas” - sic) e seu bolo de chocolate estonteante.  Até o presente momento não houve outro que desbanque o 1º lugar deles no meu coração... e, no meu paladar, é claro! E olha que já provei incontáveis bolos de chocolate. Aliás, o 2º lugar fica para o da tia que faz os bolos para o aniversário do meu filho e o 3º fica para o meu próprio - modéstia a parte.

Voltando ao bolo de chocolate do diCapri, mesmo que eu o descreva, provavelmente não será possível fazer com que a sensação de prova-lo seja minimamente compreendida, mas vamos tentar, né? Ele tem gostinho de bolo caseiro – daquele da sua tia que manja muito de cozinha e não igual aquele que sua namorada fez usando a misturinha da caixinha - tem a massa úmida, bastante recheio e uma cobertura molinha coberta por pedacinhos de chocolate, não tem aquele gosto gorduroso de alguns chocolates por aí. E quando você dá a primeira garfada, sente aquela sensação boa, de água na boca. O preço é meio salgadinho para um pedaço de bolo, mas é bem servido e vale o investimento, além que se considerarmos o público alvo do shopping, podemos dizer que está bem em conta. Em todo caso, tem também a opção “pequeno” que vem em uma panelinha super legal e é mais ou menos a metade do outro pedaço. Uma maravilha.




Se você gosta de doces, vale a pena conferir, se você tem uma namorada, noiva, esposa, que gosta muito de chocolate, faça aquela média, levando ao Shopping Cidade Jardim e experimentando essa delícia em forma de bolo. Aí depois, você vai até o terraço do shopping, para olhar a cidade lá do alto. Numa noite fresca, cercado pelo verde do terraço, as luzes da cidade, a brisa no rosto... muito romântico – segundo o meu marido

DICA: Não peça chá, você vai pagar R$10 num saquinho de chá daqueles que compramos no mercado e uma caneca com água quente!