22 de setembro de 2011

Majestoso sem sal, sem açúcar


Não estava calor, nem muito frio.
Ameaçou cair uma garoa para variar.
Mas ficou só na ameaça.
Aquele clima sem sal, sem açúcar.

Desço em direção ao estádio.
As bandeiras não estão na praça,
tremulando como há duas semanas.
Está quase na hora,
já devem estar lá dentro.
Não, não estão. Lá dentro não pode bandeira.
Nem cerveja. Algum político decidiu que isso era perigoso.
E eles sempre sabem o que é melhor para nós.

Tomo uma aqui fora, antes do rapa.
Desce amarga.
Um gosto ruim na boca,
um pressentimento que a noite não vai acabar bem.
Mas hoje é dia de clássico, é dia de Majestoso.
E quem se importa com pressentimentos em um dia desses?

Aglomeração na entrada, fila, empurra-empurra,
gritos de "tem criança aqui" e
"abre logo o portão, vai começar o jogo".
Um pouco de tumulto para variar.

Entro no túnel da arquibancada,
vejo o tapete verde, iluminado pelos refletores.
Canto o hino do time. Me sinto em casa.
E esqueço todo o resto.

Começa o jogo, a torcida grita, sedenta por vingança.
O time vai para cima, mas pouco cria.
Joga com raça, mas isso é pouco,
pelo menos para o São Paulo.
O Corinthians sempre joga com raça
e isso parece ser suficiente para eles.
Quando conseguem aliar técnica, são quase imbatíveis.

Mas não hoje.
Hoje eles vieram se defender.
E nós não soubemos atacar.
Aliás, faz tempo que não sabemos.
Um chute aqui, outro ali,
um bandeirinha com o braço engessado,
uma cabeçada na trave.
Nos falta sorte para variar.

Zero a zero.
Provocações e bombas trocadas entre as torcidas.
Ainda bem que ninguém estava com bandeira!
Senão seria perigoso.
Os times voltam,
mas não vemos estrelas no céu,
nem futebol no campo.

O jogo se arrasta.
Nosso volante perde a bola.
Por que sempre no finalzinho?
Por que sempre contra eles?
Um filme de final triste passa na minha mente -
André Dias batendo cabeça com Bosco.
Gol de Ronaldo.
Já tomamos gols bestas demais.

Mas não hoje.
O atacante corintiano chuta prensado,
a bola se perde, a rede não balança.
Uma falta no último lance,
a chance derradeira de redenção.
Rivaldo... fora.
O juíz apita, eles comemoram.
Outro jogo sem vencê-los, para variar.

Nós descemos quietos a rampa da arquibancada.
Um empate com gosto amargo.
Um jogo sem sal, sem açúcar.

4 comentários:

  1. O São Paulo, no Morumbi, já anda apagado, mas pior que isso é assistir um Corinthians retranqueiro sair com um empate. Nem a liderança causa conforto.

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  2. Aqui tem um bando de looooucoooo......
    Looooucoooo por ti Corinthians!!!!!!

    Timãooooooo eooooooo..... :-)

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