12 de fevereiro de 2012

Até quando?

Depois da final do Paulista de 91, quando venceu o Corinthians com 3 gols de Raí (e um pênalti perdido por Wilson Mano), o São Paulo emplacou uma série de vitórias contra o rival. Me lembro que o placar de 3 x 0 se repetiu pelo menos mais duas vezes nessa época. Era uma festa. Em 92 ou 93, não vou me lembrar exatamente o ano, ouvi uma dessas partidas pelo rádio. O Corinthians começou melhor, pressionou, colocou o São Paulo na roda (bom, pelo menos o narrador descreveu assim) e conseguiu um pênalti, antes dos 20 do primeiro tempo (eu acho). Daí na cobrança, Zetti defendeu (na verdade não sei se o chute foi pra fora, não lembro nem se era o Zetti o goleiro, mas na minha memória está gravado que o Zetti defendeu o pênalti e isso me basta). Enquanto eu comemorava como uma criança (afinal eu era uma criança) dentro do Chevette da minha mãe, o comentarista do rádio disse a seguinte frase (essa foi assim mesmo, tenho certeza) – “São Paulo x Corinthians é igual filme de mocinho contra bandido... o bandido vai lá, prende o mocinho, conta todo o plano e perde a chance de acabar logo com a história. Daí o mocinho se solta e acaba vencendo... e lá vem São Paulo...”. E o São Paulo foi para o ataque e fez um, fez dois, fez três. Bom, não sei se fez três, mas ganhou, isso eu tenho certeza. O Corinthians parecia enfrentar uma maldição quando jogava contra o Tricolor. 


E eu vibrava dentro do Chevettão.


Com a doce ilusão que aquilo ia durar para sempre, que o São Paulo nunca mais perderia para o Corinthians, que eles iriam cair para a segunda divisão, falir, penhorar a Fazendinha e fechar as portas do clube. Mas o futebol é inexorável. E cíclico. “Eles” acabaram caindo para a segunda divisão, mas (infelizmente) não faliram e não fecharam as portas da Fazendinha. E hoje quem encara um tipo de maldição somos nós. Jogadores chave que se machucam, são convocados ou suspensos antes do clássico. Apatia, desatenção e erros infantis da nossa defesa, arbitragens que adoram mostrar cartões para os nossos jogadores enquanto demonstram uma resistência enorme em amarelar o outro lado. Jorge Henrique jogando igual Lionel Messi e Danilo igual Zidane. Na gíria do futebol, contra nós – “tudo dá certo pros caras”. No único jogo nos últimos 4 anos em que parecia que tudo daria certo pra gente, ainda quase deu errado. Rogério faz o 100º gol, um deles é expulso, a goleada estava desenhada. Se é o inverso tenho certeza que aquele jogo acabava 4 x 0. No mínimo. Daí tomamos um gol besta e o Dagoberto é expulso. Quase deu tudo errado, mas no final deu tudo certo. 


E foi só.


Hoje a maldição se fez valer novamente. Pior do que isso, vimos que apesar de alguns pontos questionáveis no decorrer da partida, apesar da zica do nosso principal reforço da temporada chutar um pênalti pra cima, a diferença técnica, emocional e principalmente de entrosamento entre os times ainda é grande. Muito grande. O Corinthians controlou toda a partida, sobrou em campo e indiscutivelmente mereceu vencer. Isso que me deixa mais puto, não conseguir jogar de igual pra igual contra os caras - apelar pra chutão toda hora, ver Lucas isolado e se escondendo do jogo, bate cabeça na defesa, nenhum jogador com personalidade para chamar o jogo e tentar resolver. Ver jogador batendo no outro sem bola na frente do juiz e pior, já que era pra apelar e tomar vermelho, deveria ter rachado aquele baixinho folgado no meio.
Essa última parte foi escrita com o “modo torcedor” ligado no máximo. Acho que todo mundo percebeu, né? Enfim, voltando à crônica. Hoje além de tudo, meu filho chorou pela primeira vez por causa do São Paulo. E tenho certeza que ainda vai chorar e rir muitas vezes. Porque o futebol é cíclico.


E eu já não vejo a hora desse ciclo maldito acabar.

15 comentários:

  1. O penalti perdido foi muito engracado....como eu ri..

    CHOREI...huauha

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  2. Na hora que vi o fdp do Jadson se preparando pra bater já falei pra Patrícia - "nem adianta criar expectativa, vai perder o penalti...".

    Isso é macumba do Andrés Sanchez, só pode ser. Ou do Gaspar... huauhahuauha

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    1. Sobre sua crônica, fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. eu explico...


      Feliz, porque vc é um baita de um mala... torce para um time que a tempos não vem conseguindo resultado nenhum e mesmo assim não desce do salto alto (exemplo disso foi os comentários infantis no ultimo post que fiz no forum copiando uma notícia internacional)...então por isso fiquei feliz...é bom imaginar sua cara de merda reclamando de tudo (a ponto até de reclamar da ótima arbitragem que tivemos hoje)...

      Triste pois teu filho chorou...sério mesmo, nesta fase da nossa vida estas coisas acabam marcando muito, mesmo que não tenhamos a mínima idéia real do que esta acontecendo, e imagino que esta dor dele vem como reflexo da sua paixão/dor que ele tenta copiar de exemplo do pai. Ainda hoje me lembro da final corinthians e palmeiras quando fomos destroçados em uma goleada com o evair fazendo tudo e mais um pouco...acho que eu nem tinnha idéia do que era impedimento...mas doeu...

      mas é assim...pelo menos a crônica foi mais sincera, e não aquela coisa blasé de quer se colocar como "imparcial"...

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    2. Você está com muita mágoa no coração Gaspar. Parece que está levando tudo muito a sério bicho. É só um jogo cara, ganhando ou perdendo a gente acorda cedo e vai trabalhar amanhã.

      Tenho a impressão que você está muito amargurado comigo.
      Se eu eu te ofendi em algum momento peço sinceras desculpas. Não me lembro de nada específico, mas pode ser que você tenha intepretado mal alguma brincadeira ou comentário que fiz. Nunca tive intenção de te ofender, no máximo tirar sarro (igual quando vocês postam imagens de bambis, veados, etc... eu acho engraçado, não interpreto como ofensa pessoal).


      Abraço.

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    3. Convida o Gasparrr pra transar que ele se anima e resolve isso.

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    4. relaxa...pergunta pra mamãe que ela te responde

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    5. Bom... tentei. Prefere ficar de birra então foda-se.

      Abraço.

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    6. respondi ao xarope do Galvão, sandman...relaxa...

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    7. Apelou perdeu, chuchu. lol

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  3. Falta um capitão pra assumir a responsabilidade e puxar o bonde. Concrodo com o seu comentário no blog do Perrone,que o Lucas precisa puxar mais a responsabilidade pra si. Ele até que tenta,mas ele é um garoto de 19 anos,e não pode carregar o time sempre nas costas. Contra times pequenos é moleza,mas em clássicos é mais difícil.
    Percebe-se que até mesmo o Neymar, que é tão endeusado pela mídia,não consegue aguentar o bonde sozinho em clássicos.

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  4. Ah,e visite o meu blog: http://olharcriticotricolor.blogspot.com/2012/02/foi-quase.html

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  5. Não assisti ao jogo, mas ver como os baixinhos são apaixonados pelos times hoje em dia e fantástico.
    Sou colorado por causa de meu pai. E minhas filhas são coloradas por conta de meus gritos apaixonados pelo time vermelho.
    Elas diferente de mim não estão chorando. Estão sempre feliz. Riem com facilidade e mesmo no seu pequeno mundo de cinco e dois anos se dizem coloradas com tudo.
    Mas meu colorado não foi sempre assim.
    Os anos 80 e 90 foram azuis aqui na minha terra. E assim como teu filho eu chorei muito e sempre pensava em mudar de time, mas meu pai não mudava. Perdia apostas, tinha q pagar cervejas toda segunda feira, e continuava firme. Eu queria ser igual a ele. Por isso sou colorado. E hoje nos finais de semana assistimos juntos aos jogos e comemoramos muito.
    Sua hora e do seu guri vao chegar. Um dia vcs vao estar juntos comemorando e rindo muito.


    Abs.,
    Papa

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    1. Pois é Papa, na verdade vejo que as crianças estão muito competitivas. Não aguentam perder de jeito nenhum. Claro, sempre foi assim, mas não sei se na mesma intensidade.

      Quando vou ao parque jogar bola com o meu moleque, procuro revezar quem ganha (às vezes eu ganho, às vezes deixo ele ganhar - sem ele perceber é claro). Tento ensinar que a vida é assim, que não vamos ganhar todas e quando perdemos não adianta ficar chorando, tem que levantar a cabeça e seguir em frente.

      Mas é foda. Se às vezes já é difícl a gente que é marmanjo entender certas coisas, imagina pros pequenos.

      Ele chorou quando o porra do Jadson perdeu o penalti. Acho que criou muita expectativa que sairia o gol. No final foi tranquilo, só uma cara de tristeza que logo já ficou feliz de novo.

      Abraço.

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  6. Cara, eu tenho medo de alimentar o fanatismo pelo Tricolor. Acho que não conseguiria escrever sobre o jogo de hoje sem apelar totalmente pro emocional.

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  7. A Macumba agora eh do Gobbi!! Sanchez ja era! hehehe

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